R$1.375,00
R$1.200,00
Tamanho: 10cm x 8cm x 50cm. Altura, largura, comprimento.
Artista: Kawakanamu Mehinako
Segue relato do próprio artista:
''Meu nome é Kawakanamu Mehinako, nascido na aldeia Xalapapühü em 10 de abril de 1962. Sou artista e designer em estética em bancos de madeira usados para sentar e sou especialista em confecção de peças artesanais como: cestarias, arte plumária e colares. Há quatro anos resido na aldeia Kaupüna, localizada na Terra Indígena Xingu, no município de Gaúcha do Norte – MT
A primeira peça que aprendi a confeccionar foi um cesto feito de talo de buriti, aos 15 anos de idade. Por isso, sou especialista em cestaria. Nesse tempo, não tinha aprendido esculpir os bancos devido à pequena quantidade de pessoas que se dedicavam à produção desse tipo de arte.
Na aldeia Xalapapühü, comecei esculpindo um banco na forma de gavião sem o ensinamento de outros artistas. Também me dediquei a fazer bancos tradicionais de pajé e outros caracterizados com desenhos de pássaros. Nesse tempo, ninguém aprendia a fazer bancos de outros animais por falta de ferramentas. Era difícil viajar pois as cidades ficavam distantes do Território Indígena do Xingu e os acessos às estradas eram escassos. Algumas vezes, eu acompanhava e observava os trabalhos de outros artistas sem a necessidade de auxílios, assim aprendi a pintar os bancos com grafismos tradicionais da própria tinta de resina da árvore ingá misturada com carvão e água.
Pela primeira vez, vendi os meus produtos de arte para uma compradora de artesanatos chamada Verinha, que era responsável e servidora da loja Artíndia, subordinada pela Fundação Nacional do Índio – FUNAI. As vendas ocorriam no Posto Leonardo Villas Boas, onde os artistas se encontravam. Com esse recurso passei a comprar materiais e utensílios: facão, machado, lima, anzóis, bicicleta, panelas e outros produtos.
Quando mudei para aldeia Uyaipiuku, comecei a viajar com facilidade para capitais como Cuiabá, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, levando os produtos de artes para vender: bancos, remos, máscaras de madeiras, cestos de carregar mandioca, cestos de pescaria, pá de beiju, borduna, zunidor, máscaras de linhas de barbantes, colares de tucum, pulseiras e outras peças. Assim desenvolvi a minha autonomia com a capacidade profissional de esculpir os bancos de tamanhos variados nas formas de mamíferos, pássaros e peixes. Através disso, conheci os clientes das lojas, e eles começaram a encomendar peças para revendas. As ferramentas que passaram a estar disponíveis facilitaram as práticas de produções de bancos. Por necessidade, ensinei meus filhos Yatapi, Mayawari, Yaruru e Penuan a se dedicarem às artes para que seguissem a minha especialidade.
As madeiras usadas são: ami (família de lixeira), kawüxüpehi (lixeira) do campo limpo e cerrado, (tsiyaka,) piranheira e (kĩpietü) sucupira e moreira, da mata alta. Na aldeia Utawana, usei a madeira mawayakuma, que se localiza na margem de mata ciliar do rio Kurisevo, dos lagos e das lagoas.
Conforme minha compreensão, os produtos de arte fazem parte do que vem de nossos antepassados e representam a identidade mehinaku. Portanto, tenho orgulho de ser artista genial nativo. Sem a necessidade de estudar o conhecimento cientifico, meu aprendizado vem da dedicação através da prática.
Publicamente estou divulgando meu ponto de vista para a sociedade brasileira valorizar e reconhecer os artistas indígenas, tanto como as obras de arte. Cada tribo indígena tem seu produto de arte que caracteriza a identificação dos símbolos de determinado povo. De modo geral, peço a todos quando se interessem em operar nossos produtos que paguem com preços justos porque as peças têm grande valor, com origem em nossos antepassados e utilizadas no cotidiano da aldeia."